sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Peça a quatro mãos escrita por uma

Espanca-me
Não me construas qualquer manta de retalhos afetuosa
Deixa a harmonia da minha mundividência permanecer intacta

Eu não quero ser temido
Eu quero continuar a temer
O que acontecerá quando deixarmos de trancar a porta do quarto à noite
Que seres fantasmagóricos poderão invadir a nossa sombra
Com palavrosas promessas e incitamentos a vícios

Deixem-nos bater furiosamente mea culpa contra o peito
Em vez de fundarem cooperativas que o alcatroam por dentro
Enquanto nos afastam das crianças para mútua proteção

A haver um abismo queremos que seja o nosso
Como a pianista enviava cientificamente cartas ao seu aluno
Sobre como queria ser fudida e insultada

Nós aceitamos a morte
Mas por vaidosismo
Queremos saber todo o ínfimo detalhe

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