A insignificância dos meus dedos não produzirá ao sol coisa
nenhuma,
Para o homem sem talento escrever poesia é uma perversa
forma
De gostar da punição do arame nas mãos
Os dentes estão partidos mas não é de trincar caroços
Não há nenhum âmago do qual sejamos particularmente lúcidos
Apenas o desígnio de ser na ampulheta
A areia usada para ponderação do tempo
Somos mar e prometeu
O sorriso miúdo de quem tem a ergonomia perfeita
Para poder ser o melhor broxista da cidade
Onanistas decadentes para a ternura ofensiva das musas
Enquanto alimentamos ódio pela sua compreensão e pena
Pendurando no peito os cadáveres de todos os nossos
assassinatos
Mas ainda nos agarram pelo pulso para passeios sentimentais
Nós que tanto tentamos avisar-lhes com a verdade
Sobre a íntima origem da nossa vontade consporcatória
Não cites Freud meu amor
Isto não é uma patologia psíquica para as receitas médicas
de falsos profetas
Isto é o basilar e fundacional de todo o nosso
mausoléu
Porque preferimos a pneumonia às camisolas com criancinhas
dando as mãos
A toda a parafernália que é oferecida na sopa dos pobres por
almas caridosas
Deixa-me e aceita-me enquanto demónio
Honrada solidão
A virtude está do meu lado
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