sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Aviso



A revista Apócrifa prepara-se para lançar como tema Cerberus a.k.a o cão da morte. Enquanto Aníbal Luxúria Canibal se encontra distraído a espetar facas em si próprio, os restantes cães já reagiram. A cadelinha laica condenou veemente a intenta por julgar que existe uma clara vertente propagandística na publicação semanal organizada pelo defunto Colectivo Pré-Contemporâneo, segundo a mesma, a subjugação de todo o ser animado a questiúnculas políticas sem nenhum relevo para a redenção da terra pode ter consequências inestimadas para a oxigenação da vida. Posição diferente assumiu Rex o cão polícia que considerou normal haver este tipo de iniciativas por parte de jovens ‘é melhor andarem a escrever textos do que metidos na droga ou no PAN – estamos fartos de auto-empossadas vanguardas da classe operária’ e acrescentou ‘desde que esteja tudo dentro da normatividade jurídica não me parece haver grande problema’. Já o Snoopy tem muitas dúvidas em relação ao virtuosismo deste tipo de iniciativas, relembra que adulterações dos nomes podem ser particularmente injuriosas tal como a que foi feita por Snoop Dog, indivíduo que não só nunca pediu desculpa publicamente pelo seu acto como demonstrou desprezo oportunístico na mudança de nome para outro que fosse mais vendável em face da sua nova ‘orientação musical’. Esta não é a primeira notícia de queixas semelhantes, veja-se o caso dos herdeiros de Sir Camelot que ficaram atónitos quando apareceu um actor de filmes pornográficos com o nome ‘ Sir Cum a Lot’. Contudo, os detentores oficiais de toda a obra material e imaterial de mitos civilizacionais defuntos não vão esperar que tal ofensa ocorra de novo ‘só nós podemos retirar proveito económico dos trabalhos deles’, assumiu publicamente o cão David, ‘a minha vida toda passei a fugir de um monstro de bullying chamado Doberman chamado Talento que andava sempre com um Bulldog chamado Perícia Crítica’ – (nota: esta informação pode parecer desenquadrada mas o autor considera que toda a questão biografista-ó-confessional tem sido injustamente desprezada pelos críticos literários’).  Já a caniche de apartamento, também presente nesta categoria genérica obituária, apareceu a ladrar durante uma ocupação ao lidl enquanto mijava no talho flores de plástico como etiquetas a dizer: obrigado por me defenderes meu cão-de-fila / afinal sempre posso morrer em cada verso meu que é lido em público / mas tu estarás lá sempre para mim’. Quanto ao lobo-das-estepes, herdeiro da parte remanescente da obra, observou-se uma curiosa reacção : ‘pá esses putos estúpidos deviam largar a Porfírio e malhar masé nos cabrões do Gota Institut – estou farto que me carimbem o cu!’.

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