Mergulho na escuridão solitária das minhas pálpebras
o ruminar incessante dos meus pensamentos cresce
enquanto vai ficando calva a minha inocência
e pergunto-me
se eles são barcos desvelados carregando vida
ou se a vida semeia correntes marítimas de mentira
se há veneno na ordenação fatídica das vertiginosas
plataformas
ou se a terra esboça uma sociologia alquímica sobre a
pulverização do crime
apesar do rubor infantil das minhas saias ser inalienável
vou acumulando a sedução de pegadas várias sobre os meus
braços
depois numa orfandade mais madura habito esta cidade perdida
onde não é certo se o bailado das gentes produz algo de
vital
ou se tudo é apenas tentativa de coagulação
abafo em ruído
para o silêncio do grande palco.
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