Cada parte do seu corpo que tocava, evocava nela um suspiro
diferente. Gradativamente diferente. O suspiro saía quente, vaporoso por causa
do frio inverno que era o seu corpo de mármore. A desistência sofrida, saía
como a fruta consente o sumo, o primeiro precoce e ingénuo sumo, com a
estridente faca a despi-la. Os homens quando partem para essa guerra levam
consigo todas as facas que colheram no caminho, não há tempo para desastear,
desapertar, para astúcia ou argúcia, apenas há a vil vontade de lapidar com a
faca, apenas há a obrigatoriedade básica e compulsiva, a directiva que arde nas
veias como uma inscrição feita que evoca suores frios e medo de um chicote. São
gritos, essas cicatrizes, longas e concâvas, fundas a sangue vivo, feitas por esse chicote, e a sua acumulação é
o sinal do tempo, que passa.
O suspiro gradativamente alternava entre os vários tons que
no ar ganhava, ou seja, com as diferentes partes que os meus dedos premiam.
Julgava-se um piano talvez, mas certamente um xilofone de chuva a cair num
charco. Um charco onde nem a minha cara se via. Mirei-o um sem número de vezes
de frente, olhos nos olhos, e os seus olhos negros, na sua voraz ânsia de tudo
consumir, apenas me devolviam vazio, como um espelho de um interrogatório de
uma esquadra norte-americana.
Perguntei-lhe para onde tinha ido a minha imagem, ou o que
restava dela agora por Joana consumida. Ela pegou-me na mão, encheu-me a com o
seu peito e pediu me para a penetrar.
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