Ser fascista é ter um dos maiores prazeres que se pode encontrar, imaginem só o que não é a malícia sádica torneada com o mais belo licor apto a deliciar as papilas gustativas de quem sabe beber, em copos de cristal, o ódio proletário. Ah, como sabe bem olhar directamente para a parede e ver o quadro piramidal da organização societal, como é maravilhoso cruzar as pernas ajoelhando-se, pegar no terço, empunha-lo e ouvir no silêncio o vagar tremendo das ondas a esbaterem-se na praia, que mais não são os urros das gentes gritando, que mais não são do que os insultos que se ouve quando se vai na rua. Empunhar o terço como quem empunha uma espada, deixar as suas farpas ferir a pele para que o sangue o unte e ver no poço de sangue jorrado a própria cara, lavada. Ouvir a Pátria como se só se pode ouvir a Pátria, ouvir a Pátria entendendo a linguagem da Pátria, a linguagem que só se entende pelo receptor sensorial terço, e sabe-lo, com convicção também. Pobres daqueles que renegam o terço, pobres daqueles que sobre mim se esbatem por não possuírem um terço que os guie, por não ter um terço que nos possa unir. Longos vão o tempo em que cada português usava o seu, longos vão os tempos que eramos um enxame de setas de um só sentido, hoje a cruzada ficou vazia e os paladinos de outrora foram esquecidos. Hoje as massas vagueiam em nossa procura, perseguem-me nas ruas, nas vielas e no silêncio em busca de me verem nas mãos, nas mãos que fiscalizam quando alguém passa nas portadas da sua cidadela, as marcas de quem deixou as farpas do terço comungar no seu sangue. Neste mundo perdido, a arte de ser fascista é arte de ser louco, ser-se fascista é resignar a lutar, os cursos do tempo levaram a história para outros campos, por isso ser-se fascista é preservar o seu próprio quadrado, ter ainda no seu coração a lembrança de outros tempos, saber ser sádico, gostar das agressões de que é alvo, gostar das adulterações que fizeram à sua história, gostar das generalizações abusivas de que sofre, gostar de ver a competição esquerdófila com os seus narizes suínos a farejar para ser o primeiro a encontrar algum e gritar: fascista!. Oh loucos olhos que me deram a ver o que poucos vêem, a pequenez moral das pessoas, o seu lado grotesco e animal disfarçado de cordeiro anónimo, de pequena formiga esquecida entretida com o seu umbigo, e que só se revela o seu lado demoníaco e diabólico quando confrontada com o fascista, aí a criatura pequena e adorável, mansa e serena, moderada e democrática aparece bruta, feroz, impetuosa e pronta a matar. Deus agradeça aos fascistas, por ao menos conseguirem ressuscitar a virilidade que parece esquecida em todas as outras instâncias. Acordem massas! Acordem que o facho vem a caminho! Persigam o facho, gastem todo o vosso tempo atrás do facho, que o facho agradecerá sem dúvida a vossa preocupação, e não retaliará, não por não ser facho, que realmente o é, mas porque enquanto se preocupam em perseguir o facho o vosso próprio camarada vos enraba. E o facho ri-se, loucas as gargalhadas lúcidas, loucas as gargalhadas de quem já só vê no ódio dos infiéis o amor de Deus, de Deus a quem decidiu entregar a vida, e glosando, o verdadeiro fascista é movido por sentimentos de amor.
Não, mas deixem a Pátria ficar profanada por suínos, estúpidos, putas, crápulas, acéfalos, ignorantes, presunçosos, snobes, ambiciosos, judas que o facho é que é louco. Aliás até o próprio o admite.
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